domingo, 7 de abril de 2024

Retrato do Portugal de cordões apertados

 


Cinco éros, cinco éros!

Barbicha à Ho Chi Min.

Meninas que lavam no rio, três euros e meio!

Está cá a mulher que vende mais barato!

Toalhas para a praia da Amadora!

A 10, a 10, a 10. Colcha a 10.

Mulher amamentado enquanto caminha a ver os 'saldos'.

Quatro pilhas um euro.

Velho com carecada e longa trança pelo ombro.

Patrão, leve mais uma, qué nota certa.

Calção a sete e meio.

Homens a comprar ferramentas e mulheres a ver cuecas.

Isto é bom, tem qualidade!

Olha, meu amor, três euros e meio.

Vestidos a dois euros.

Amor, 30 cêntimos. Anda cá à cigana!

Dois euros, não paga mais; cinco euros leva três. 

Tanta fartura de pestanas postiças, assim como de pretos e brancos [oh incréu, é convenção, não racismo, pois os tugas são pardos, não brancos como o A4!]

Muitos vendedores ciganos e compradores em meio tom.

Não vale a pena roubar, dois euros, dois euros!

Podem mexer, podem remexer!


O retrado é da Feira do Relógio, obviamente. 


domingo, 18 de fevereiro de 2024

Fora do estádio















Couratos a 2,50€ e cachecóis a 5;

Arrumas de encarnado;

Bicas em copos de plástico;

Casal a brindar com as bifanas;

Famílias com putos e miúdas;

Senhora a falar com o cão.


Eis um retrato de tugabola.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Caranguejola ou tranquitana!?


A geringonça morreu. De alvirrubras fasquias, goradas ambições e sonsos amores traídos.

Que tal e qual fénix!? Não surpreenderia o Portugal inconstitucionalmente cristão às mãos do renascido Pedro Santos. 

Para iludir UE/FMI/cavaquistão e atrair indecisos melhor chamar-lhe caranguejola? Ou tranquitana?

terça-feira, 31 de outubro de 2023

A carraça e o profissionalismo no SNS

 

A carraça andou vários dias a passear pelo meu corpo.

Chegada da Serra de Grândola, não terá encontrado ninho acolhedor e qual inspetor, inspecionou. Mas não encontrou encanto em nenhum recanto, prega ou retiro húmido.

Mas passeou, passeou, até que fundeou. Ou seja, cravou fundo os dispositivos de fixação e sucção. Andou nisto uma semana.

Entretanto, há dois, três dias, apareceu comichão no tronco, lateral, um pouco acima da anca.

Coçadela suave sem suspeita. A magana, como se verá no próximo capítulo, estava a 
sugar muito delicadamente.  Sem hostilizar o hospedeiro, está bem de ver.


Até que ontem, arrogância de bicha gorda, ferroou mais fundo e o sinal de alarme alarmou. Observação urgente, o que é, o que não é, e era um feijão pequeno. "Péra" aí, fejanito não tem adesivo, velcro também não, nem garras...

Primeira puxadela, nada. Segunda e nada, tudo na mesma, o coisito pendurado continuava.

Oh pá, qu'é que passa!?  Reforçado a aperto digital, bem apertado, e lá veio a bicha. Gorda! Pudera, vários dias a empanturrar-se de A+...

Convenientemente embrulhada, assim foi esmagada e a cratera desinfetada.

Porém, porém, bons conselhos ouvidos, guia de marcha para o Centro de Saúde.

Isto é só para ver se não ficaram pedacinhos de pernas e dentes.

Enfermeira:
Ná, a médica tem de o ver. Não ficou nada, mas precisa de profilaxia.

Pronto, elas é que sabem. E em menos de meia hora, sem marcação prévia, observações de enfermagem e clínica do inchaço e receita a pingar nas mensagens: Doxiciclina.



Contraparafraseando a campanha atual pelo SNS, sim este é um excelente exemplo do nosso Serviço Nacional de Saúde.


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Rolha de cortiça de vitivinicultor exemplar



Portugal produz muito vinho e muita cortiça, mas também "produz" adegueiros unhas-de-fome.

Muito do vinho engarrafado que enche as prateleiras dos supermercados tem rolhas de aglomerado de cortiça, vulgo corticite. Certamente que o preço destas é menor do que o das verdadeiras rolhas, as autênticas e genuínas representantes do país, as de cortiça.

A corticite tapa, mas fraqueja. Uma garrafa com este tipo de emplastro ao fim  de uns meses nas nossas casas* começa a esboroar o granulado. E se este é inócuo, sei lá o efeito do aglomerante ao misturar-se com o tintol.

Isto do ponto de vista sanitário, organolético e até visual ao vermos partículas de cortiça moída a boiar no copo.

Porém, na dimensão exportadora, a rolha de cortiça enobrece os vinhos. Mesmo os vinhos que o Isaltino não bebe [ele tem "recursos" a que o Cidadão comum é alheio...] Um vinho para o bolso do português médio, um vinho aveludado com fim de boca prolongado, que não vá além dos 5 euros, quando exportado dá um salto no preço que o John, a Marie e o Klaus, a Tilda, a Kyra e o Matteo pagam com gosto. Mas não lhes cai no goto a rolheca a desfazer-se. E logo desatam a comparar o  vinho e a rolha com as de chapa chilenas e australianas.

Um vinho retrata o país e se Portugal não que ser retratado como produtor de vinhaça barata não deve ombrear com a Austrália ou o Chile, que não têm sobreiros!

O mesmo vinho com rolha de lata, de plástico ou corticite fica, aos olhos do comprador, a léguas do que vem honrado com rolha de cortiça. Porosa para que o néctar respire e elegante para que os olhos brilhem. E o vinho com rolha de cortiça brilha. Fazendo brilhar Portugal.

Todo este arrazoado para dar os Parabéns, muitos Parabéns, à Adega das Mouras de Arraiolos
**, que valoriza um vinho de 3,19€ com rolha de cortiça. Um vinho bom.

Que esta opção de enrolhamento fermente em boas mentes. Que os unhas-de-fome façam bem as contas e não vejam apenas os escassos cêntimos de acréscimo nos custos de produção por garrafa expedida. Que olhem para a rolha de cortiça como benefício estratégico, multiplicador de vendas.



____________________

NB O Formigarras não tem ações nem comissões da Herdade das Mouras da Arraiolos, apenas apreço pelos seus vinhos e rolhas de cortiça.

*
 Caro leitor, estimada leitora,  guarde as garrafas de vinho deitadas, caso contrário pode ter surpresas desagradáveis.

** www.mouras.pt

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Descobri as Cigarras


Depois de toda a vida ouvir cigarras e a procurá-las no topo das oliveiras sem sucesso, encontrei-as há dias.

Nunca tinha visto uma cigarra!

Imaginava-as lá no alto, até em buracos. Não sabia que voavam nem que o seu som é produzido na parte inferior do abdómen.

Também desconhecia que há mais de 1.500 diferentes tipos de cigarra. E só agora descobri que têm um comprimento a rondar os 40 mm. Medi, mas sempre pensei que fossem bem mais pequenas.

Vivi próximo dum olival, onde o seu  contínuo e entrecortado zunido de serrar lâminas de alumínio era o concerto florestal mais conhecido.

E por esses trilhos fora, tais monocórdicas orquestras nunca me tinham proporcionando um encontro, fugaz que fosse, com tão esquivo animal.

E eis senão quando...




Vejo numa peça artística vários exoesqueletos amarelos num local onde o seu fretenir (outra descoberta!) é intenso.



E fez-se-me luz: será de cigarra!? Era.

Bastou estar atento à cegarrega e procurar nos troncos com mais carcaças amarelas.


A sua cor é um prodígio de camuflagem, pelo que a localização é facilitada estando atento à proximidade do som. Não é raro estarem a dois metros do chão, com pequenas deslocações.

Agora que as conheço, espero também descobrir os benefícios da sua existência para o ambiente, para o equilíbrio da Mãe Natureza. Se, entretanto, a nova onda de comer insetos não as devorar.

Descobrir é uma vocação nacional.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Ser informado e fluente não é suficiente.



Estou exausto, cansadíssimo, arrasado, os tímpanos num oito, os neurónios à beira da fumarada... [Fiquei quando a TSF transmitiu em direto.]

Estou estafado da torrente, do rio selvagem de barragem desabada, do imparável jacto de tanta palavra do ministro da economia.

Qual melhor da turma, António Costa Silva, debita números, enumera sucessos da economia e garante milhões para isto é mais para aquilo. Sem travão nem parança, simplesmente cansa!

Os números estarão certos, o raciocínio também, mas o jorro enjoa, desatenta. Que falta lhe faz...

Tanta falta lhe faz um amigo. Amigo que seja amigo.

Pois esse bom amigo lhe dirá que comunicar é fazer-se ouvir, ser compreendido.

Um amigo lhe sussurrará que verborreia está mais próximo de diarreia do que de aplauso.

 

Ser simpático, cortês, informado e fluente não é suficiente.

Oh Costa, Costa PM, mande lá um assessor de comunicação à Rua da Horta Seca dizer ao outro Costa, o Silva, que ou fala pausadamente, em fatias inteligíveis, ou seca a vontade de o ouvir. Ninguém atura tal seca.


sábado, 2 de julho de 2022

Lisboa a abarrotar

A abarrotar de línguas gringas e outras intragáveis; gente simpática e besuntos beiçudos.

A abarrotar de tuctucs, trotinetes, mochilas e sorvetes.

A abarrotar de ténis, chinelos e calças rotas, nutridas pernas e farta celulite.

A abarrotar de tatuagens, a pele reinante e alforria mamária em arejadas fatiotas.

E as exceções fundamentalistas muçulmanas, enfarpeladas como maranhos de Proença-a-Nova.

É uma Lisboa a abarrotar de vitalidade, destino de meio mundo, livre de guerras e conferências, tranquilas férias sem gravatas nem salamaleques postiços.


Lisboa a abarrotar de liberdade. 

+++

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Primeira carta de mãe babada

 

Obrigado Porto Editora

Contito

Costa da Caparica, 21 de Março de 2009

 Querida Mãe

 

Estou a aproveitar o feriado para lhe dizer o que devia ter dito ontem. Há coisas de que não gosto de falar, como já sabe. Ontem quando estivemos ao telefone lembrei-me disto, mas não me saiu… mãe é mãe, e a Mãe percebe. Felizmente! Já sabe que desde miúda só lhe dou notícias por escrito, não sei porquê, mas, que hei-de fazer!? Gosto mais de lhe escrever a dar notícias, assim saboreio melhor o que lhe digo, as boas notícias.

Lembra-se quando lhe comuniquei que ia assentar, que eu e o John íamos juntar os trapinhos, isto ainda em Los Angeles? E lembra-se quando lhe escrevi a carta manchada de lágrimas, uma carta especial, a minha primeira carta de casada? Hoje é a mesma coisa, só que esta é a minha primeira carta de mãe babada.

Pois quero dar-lhe notícias! E também quero pedir-lhe um favorzinho. Mas só depois das notícias. Cá vão, à americana, as duas notícias, a boa e a má.

A boa, estou grávida, Mãe, e estou tão contente! Está tudo bem, o bebé e eu, por aí nada a registar, mas o John parece maluco. Está encantado, às vezes nem sei, olho para ele e sinto-o ainda mais feliz do que eu, até gagueja. E o português a fraquejar, ele que já falava tão bem. Deve ser do nervoso.

E eu, que podia ter alterado o meu comportamento, ficar impertinente ou piegas, tenho estado óptima, até os enjoos suporto bem. Nem tenho tido desejos, com uma excepção, valha a verdade! Bom, não vale andar com rodeios com a Mãe. O John, assim que me viu grávida, abraçava-me a toda a hora, sempre colado a mim, beijocaria até mais não, só que não passava daí…

Tive de lhe dizer que gravidez não é doença e ele nada! Então insinuei que há coisas que continuam a fazer falta, embora com mais cuidado e ele continuou a fazer-se desentendido. Quando esgotei os argumentos e a paciência, carreguei com ele para o ginecologista numa consulta de rotina, depois, claro, de ter telefonado ao médico, pedindo que lhe lesse a cartilha.

Resultou, Mãe, resultou! Muito a medo, lá se decidiu, com mil cuidados e acho que até fica surpreendido de eu não entrar em trabalho de parto a partir de certa altura. Tenho de insistir com ele, lembrar-lhe o que o médico disse, que não há perigo, que com cuidado tudo corre bem. Lá acede aos meus pedidos, coitado, embora não pareça muito convencido quando lhe digo, a sorrir, que há contrações e contrações…

Bom, agora a má notícia. Mãe, depois de virmos dos States, o meu querido John já nem parecia um gringo da costa leste, tinha o sotaque, isso compreende-se, mas falava um português muito aceitável. Os nossos colegas da Nova não paravam de o elogiar e agora, de repente, parece que teve uma recaída. Até acredito que a gravidez tenha tido alguma influência e que a expectativa de ter um filho lhe baralhe os neurónios! Tanto erro de português, tanto disparate!

Mãe, veja só a amostra: o John diz "comprastes" e "fostes" a torto e direito. E "conssíígamos" ou "bêêbamos" são outras das suas barbaridades. Ponho-lhe o Conjugar dos verbos do Priberam debaixo do nariz e ele continua na asneirada. Que desespero!

A Mãe é que o podia ajudar, agora que moramos mais perto. Vinha passar uns fins-de-semana connosco e nem que o pusesse a cantar as palavras correctas em tom de barítono...

A sua experiência de Professora certamente que lhe dobraria a língua. Em pouco tempo, o meu querido John havia de perceber que, na língua portuguesa, não há quarta pessoa do singular! E que viste e percebeste são as formas correctas da segunda pessoa do singular, a especializada no tu. Já agora, também o podia pôr a cantar tenhamos, vejamos ou compremos, imitando a voz linda da Ana Bacalhau, dos Deolinda, até ele os dizer com o mesmo delicado cuidado com que faz certas coisas…

 

Com o amor

da sua filha que precisa muito de si,

Francisca

 

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@ Manuel A. Madeira

 

sábado, 10 de abril de 2021

Cobardia europeia


A presidente da comissão europeia, Ursula Leyen, foi à Turquia enxovalhar e União europeia. 

Deixou-se enxovalhar pelo ditador Erdogan, que não lhe deu cadeira. Mas isso foi  coisa lateral, produto televisivo. 

A vergonha importante, o descrédito estratégico, a fragilidade europeia foram demonstrados pelo beija-mão ao ditador. A Turquia, desde os passados anos 70, ocupa militarmente a parte Norte de um Estado europeu e a Úrsula agachou-se, vexou-se vexando os europeus que representa, especialmente os de Chipre.

Conhecesse ela a história da Europa e nem teria posto os pés no avião. 

Mereceu o tratamento indecoroso que o arrogante turco lhe deu. Os cipriotas estarão a rir-se à gargalhada.

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Meter gota

Ontem, grupo de rapazes e rapariga de volta de carro de capô aberto.

Debatia não sei o quê,  mas sei que se despediram com um deles a ir "Meter gota".

Já meti gasolina e gasóleo, já atestei e também espremi a carteira para pôr um litrito; nunca uma gota!

Nem precisamos de gringuês para criar neologismos e novas expressões,  basta a lusa criatividade. Quiçá para encaixotar as clássicas.

Veremos, mas enquanto o Zé Povinho não valida nem descarta, confirma-se a que o português, além de  língua viva, é bué vivaça!


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Presidente do México disparata em direto

 
Há momentos, o presidente mexicano entrou-nos porta adentro com esta tirada tirada dum bafiento baú da História:
É proibido proibir.

E com mais um arrazoado de ocas palavras quis, simplesmente, justificar a sua embirração com a máscara.

É errado, à luz do que os cientistas vão apurando, rejeitar máscara nestes tempos de Sars-Cov2. De facto, à falta de vacinas e de outras ferramentas, a higiene, a distância interpessoal e a máscara são indispensáveis para ser agente de saúde pública.

As recomendações da nossa Direção Geral de Saúde não são obrigatórias no México, nem sequer as da Organização Mundial de Saúde, que apenas sugere, mesmo que sugestões veementes.

Mais do que recomendações, a atenção às notícias e às enxurradas nos cuidados intensivos, um olho na mortandade Covid19 e alguma lucidez, obrariam no senhor Obrador uma atitude mais razoável. Para não ir mais longe...

A presidencial criatura ter-se-á dado conta da barbaridade que proferiu!? 

Se não tivessem sido proibidas, com a evolução da Humanidade, tantas e tantas crueldades, tantos e tantos abusos da força e do dinheiro, que sofrimento muita gente não teria hoje!!!

Para lembrar desatentos, aqui ficam apenas três proibições:
 – Escravatura;
 – Castrar rapazes para cantarem com certo timbre de voz [castrati];
 – Estupro.

Caro leitor, estimada leitora: não terão estas proibições tornado o mundo melhor!? Diga lá isso a presidente do México...


domingo, 17 de janeiro de 2021

Besunto eleitoral

Uma candidata besunta os beiços como burguesa; aliás, todas as suas fatiotas e declaração exibem este pendor social democrata, apesar do seu partido se dizer na "busca de alternativas ao capitalismo".

Outro candidato atiça-lhe a matilha oportunista reacionária em função do dito besunto.

Um apoiante da primeira, papagaio abstruso, besunta as próprias beiçolas.

Outra candidata, habitualmente besuntada como caída num pote de azeite, joga cartada oportunista.


São candidatos a PR ou artistas de Circo!?

Minha rica avó, Portugal merece mais, quem é que vota nestes artistas...


quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

O ‘banho’ do Dr. Faria


Ano 1965 ou 66.

CNA – Colégio Nun’Álvares, Tomar.

Numa das noites de cinema a que não fui, não me lembro porquê, resolvi pregar uma partida ao primeiro que voltasse ao quarto.

Armei uma engenhoca com uma caixinha de plástico, um pedaço de fio e um pequeno prego.

Quando já não havia movimento no corredor do primeiro ramo, uns no cinema e outros a dormir, montei o apetrecho.

Numa ranhura da parte superior da ombreira da porta encaixei uma lingueta da caixinha, que ficou na horizontal. Do outro lado desta fiz um furo por onde passei o fio, atando este ao prego, que por sua vez foi cravado no topo da porta.

Verifiquei que ao abrir a porta a caixinha caía e enchi-a com água.

Deitei-me a antecipar a algazarra que seria quando o primeiro colega a regressar do cinema abrisse a porta e ficasse salpicado com a minha rica obra! E adormeci.


Mas acordei com os berros de um imprevisto Dr. Faria:

 – Fora, fora daqui, já lá para baixo!!!

 – Fora, fora daqui, já lá para baixo!!!

E ele que não era de gritar!

Tinha ido ver, como os prefeitos faziam frequentemente, se já todos estávamos deitados e levou com a água da minha engenhoca. Não ficou encharcado, longe disso, a caixita era pequena, ficou salpicado, mas enxovalhado. Ele que andava sempre bem ataviado, tinha sido molhado por um atrevido!

Azar, lá tive de ir para a porta do Dr. Raúl Lopes [diretor].

Tinha corrido mal (o planeamento tem destas!), não me tinha passado pela cabeça que um prefeito abrisse a porta antes de um colega!

Aí fiquei, talvez uma hora, a remoer no castigo que ele me iria dar. Quinze dias sem sair? Um mês? Só quem lá andou é que percebe a proibição de estar tanto tempo sem ir à corredoura, ao mouchão!

Chega o Dr. Raúl Lopes, aplica penas a dois ou três ‘delinquentes” e manda-me entrar:

– Então o que aconteceu?

Contei-lhe a história.

– Ah, ah, ah [gargalhou] e ele ficou todo molhado!? Vai-te lá embora.

 

Tinha-me saído a sorte grande! Estava de bom humor.

 


sábado, 7 de novembro de 2020

Despachando um Cozido de grão de 10€

 

Adicionar legenda

-- Tá boum? Se quiser mais um becadinho diga.
-- Ao contrário, é demais!  Mas tá bom.
-- Não é nada demais ! Fique aí toda a tarde...

Talvez não tenham meia dúzia de linhas a descrever a estratégia comercial, mas ela é evidente: nem sei quantas pessoas me vieram perguntar se estava bem ou se queria um pouco mais!

Simpáticos comerciais, mas simpáticos.

Taberna do Cesário, em Porto Peles - Beja

sábado, 24 de outubro de 2020

A vacina e o Marcelo, eu e o populismo


O Marcelo foi vacinado. Contra a gripe e contra o recato de um tratamento privado. Como se fosse acontecimento de grande relevo nacional chamou as televisões.

Cadeira estofada, confortável, presidencial.

Peito feito, braço oferecido, imaculada camisa branca.

Também eu fui vacinado! De pé, que é fim de turno, a enfermeira nem me deu tempo para tirar a camisa.

Como é estreita no braço e não subiu o suficiente, quis despi-la, mas ela logo ma ia desabotoar, o que consegui antecipar:

– Dois botões chega! Suba o ombro.

E meio desenfarpelado, ombro ao alto, rapidamente me espetou a agulha e espremeu a seringa.

– Bem-u-ron se tiver febre; gelo se inchar.

Não sou PR, estive numa linha de produção mecânica. Oleada, mas mecânica, sem mesuras nem simpatia plástica. A Rádio Tutifruti longe da vista e televisões viste-las… Nem a CMTV me azucrinou sobre mazelas do SNS.

Fica certificado, sou Cidadão Comum: vacinado com camisa vestida, sem cadeira nem televisões.

Ai se houvesse vacina contra o populismo...

 


terça-feira, 20 de outubro de 2020

Evitar o contágio da grave doença belga


A TSF, no noticiário das 18 horas de 19 de Outubro, anuncia-nos 9 ministros da saúde na Bélgica.

Um país de 11 milhões de habitantes e do tamanho do Alentejo com 9 – nove – 9 ministros da saúde!!!

Má tradução das designações dos cargos regionais e provinciais ou um exemplo para Portugal não cair no caça-níqueis da regionalização!?

A ser verdade, evitemos o contágio, que muitos dos nossos políticos estão mortinhos por subir na vida.

A regionalização defendida como varinha mágica para os nossos problemas de desenvolvimento, burocracia e corrupção não passa de rampa de lançamento de políticos de olho em mais altos voos.

O presidente da câmara, catapultado para um tacho na ambicionada Junta Regional, abre vaga e o presidente da junta põe-se à espreita. Entretanto, recruta assessores, secretárias e adjuntos, pagam-se lealdades e acertam-se favores, um regabofe de mobilidade social, gabinetes com novos sofás e novos carros. E o etc. não pára…

Com a regionalização apenas se ampliaria a cadeia decisória, tal a nossa tradição do “À consideração superior”, isto é, as decisões em maior ou menor grau desaguam no Terreiro do Paço.

A burocracia, esse apego doentio ao controlo milimétrico das voltinhas dos papéis, mesmo que digitais, seria entupida por mais um nível de empastelamento.

 

Regionalização? Não, obrigado!

Olhem para a teia belga…

 


segunda-feira, 15 de junho de 2020

Igualzinho, Igualzinho




consumismo nunca mais será igual, ouvia-se de idealistas ingénuos, a meio da pandemia.

Redondamente iludidos!!!

O estacionamento do IKEA está cheio. E a bicha de acesso pessoal tem duas a três centenas de metros.

Mas há uma meia boa notícia, as pessoas mantêm uma razoável distância entre elas. Consumismo, porém, um pouco prudente!

Um pouco prudente, apenas um pouco, que a rapariga atrás de mim não me larga os calcanhares...



quarta-feira, 27 de maio de 2020

Esparguete à borreguesa



Ingredientes
1 perna de borrego – 2 Kg no talho dará um pouco mais de metade depois de desossada e sem peles nem gorduras;
3 cebolas médias;
6 dentes de alho;
Azeite;
2 folhas de louro;
Sal;
1 copo de vinho branco.

Preparação
Compra a perna do borrego desossada e sem pele nem bedum.
Tira todas as restantes peles e gorduras e especialmente tendões, que entopem a máquina de picar a carne.
Lava para tirar os ossículos e escorre bem.
Pica a carne.
Pica a cebola e refoga em azeite generoso, com o louro;
Quando a cebola esbranquiçar junta o alho picado fino;
Quando o refogado estiver tisnado, junta a carne picada.
Mexe com frequência.

Quando a carne estiver quase cozida (aí uns 15-20 minutos) rega com meio copo de vinho branco.
A outra metade do vinho é para o cozinheiro ir bebericando, que provar exige papilas afinadas!

Coze o esparguete a gosto.
Polvilha o esparguete e a borreguesa com orégãos e queijo ralado.
Guarnece com salada e terás uma vida mais saudável.
Bebe com moderação, mas acompanha com um bom vinho.

Muito bom proveito!


© Manuel A. Madeira, 12.Maio.2020

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Tosca obra da apatia municipal lisboeta





Estas são imagens da obra. Tosca obra.

Alguém, bons alguém, mas maus pedreiros restauraram uma torrezinha no Parque Florestal de Monsanto.

Sem que a gestão da obra tenha acordado a atenção da "gestão" do Parque Florestal.

Porquê!?

Porque o Parque Florestal não tem quem circule periodicamente pelo seu espaço, quem observe o abandono a que está votado. Salvo raríssimas exceções, o abandono é evidente. Patente nesta evidência!!!




Em 11 de Agosto de 2016 estava assim:




Mais dois exemplos do desmazelo municipal lisboeta.

Lixeira a céu aberto em tempo de aterros sanitários devidamente tratados. Está muito próxima de estrada alcatroada, embora apenas acessível por trilho de pé posto. 

Uma gestão profissional já teria dado com o vandalismo, mas para isso seria necessário pôr pé àqueles trilhos florestais.



Os bebedouros avariados, entupidos, a verter água, com limos,  com as molas pasmadas há vários anos!!! Tal como pasmada está a "gestão" do pulmão de Lisboa.



Apesar dos alertas...

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